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domingo, 11 de março de 2012

Diaário do Nordeste:Matéria sobre aves do sertão


Aves do sertão
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Um casal de rolinhas Caldo-de-feijão em galho de castanholeira foi a primeira fotografia de Antonio Carlos
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O Caneleiro-enxofre, nativo da Caatinga, tem dorso marrom e barriga amarela
FOTOS: ANTONIO CARLOS ALVES
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O Abre-e-fecha chama atenção por seu topete vermelho e seu bonito canto
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Choró do gênero masculino, ave bastante ativa e difícil de ser fotografada
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Diferentemente do macho, o Choró fêmea apresenta plumagem amarronzada
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O Sanhaçu, uma das aves mais comuns do País, é conhecido por ficar em mamoeiros

Fortaleza. "Passei a ter uma visão diferente da natureza. Como é que pode? Os homens vivem no mundo se agredindo, destruindo o meio ambiente e os pássaros vivem nessa harmonia maravilhosa". A frase é do colaborador do Diário do Nordeste nos Sertões de Canindé, Antonio Carlos Alves, autor do ensaio fotográfico de pássaros que vivem na região. Foram cinco anos de trabalho, dois mil quilômetros percorridos e mais de 500 fotografias tiradas na região.

Antonio Carlos, que produz matérias em 12 Municípios da localidade, conta que a vontade de fotografar pássaros surgiu após incentivos da bióloga Alecsandra Parssoni e do veterinário Henrique Weber, que trabalham no Zoológico de Canindé.

A primeira imagem, de um casal de rolinhas Caldo-de-feijão sobre um galho de castanholeira, foi captada da janela do apartamento onde Antonio Carlos mora, em Canindé. "Achei aquela cena maravilhosa", diz, destacando que, desde então, a vontade de registrar outros pássaros só aumentou.

O trabalho, no entanto, foi desafiador, porque Antonio Carlos não saía de casa exclusivamente para fotografar as espécies, mas para fazer matérias para o jornal. "Todas as fotos foram feitas em momentos de sorte. Eu estava com a câmera na mão no lugar certo e na hora certa", fala.

A frase de Antonio Carlos nos remete ao fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, pai do conceito que virou premissa máxima do fotojornalismo: o "instante decisivo", a hora certa em que o dedo tem de apertar o botão da câmera para registrar um momento único, que não se repete nem um segundo antes e nem um segundo depois.

Mesmo assim, por muita vezes, Antonio Carlos não conseguiu fotografar os pássaros que via, pois, no momento em que tentava ajustar a câmera, as aves voavam. Ele conta que, das imagens que não pôde captar, a que mais marcou foi a de dois carcarás brigando no ar. "Infelizmente, eles pararam quando eu fui trocar a lente da câmera".

Nova cultura

Na opinião do biólogo Thieres Pinto, da Sertões Consultoria Ambiental, a atividade realizada por Antonio Carlos, que também vem sendo desenvolvida por outros fotógrafos, ajuda a conscientizar as pessoas sobre a importância preservação ambiental. "O número de indivíduos que fotografam pássaros vem crescendo bastante no Ceará, que já tem aproximadamente 250 observadores. Essa atividade que o fotógrafo realiza substitui a cultura antiga da caça de passarinhos", acredita o biólogo.

De acordo com Thieres Pinto, existem cerca de 380 espécies de aves registradas no Estado. Contudo, informa que outros pássaros podem existir. Logo, o trabalho dos observadores também ajuda a encontrar espécies ainda não catalogadas.

Todas as aves fotografadas por Antonio Carlos, segundo o biólogo, são nativas do Semiárido nordestino. Uma, porém, não ocorre com frequência no Ceará, como é o caso do Papagaio-urubu, mais comum no Piauí. "Das espécies do ensaio, a que mais sofre risco de extinção é o Periquito-cara-suja", fala Thieres.

Fiscalização

Conforme o chefe de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rolfran Ribeiro, somente no ano passado foram apreendidos, no Ceará, 6.060 animais, dentre pássaros e mamíferos, tanto no Interior do Estado quanto em Fortaleza e na Região Metropolitana. Neste ano, já foram 200 animais apreendidos, principalmente em feiras. Após a apreensão, as espécies são enviadas ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Messejana. Depois de tratados, os pássaros são devolvidos ao meio ambiente ou encaminhados a criadouros cadastrados no Ibama.

RAONE SARAIVAESPECIAL PARA O REGIONAL